Glória Perez sentiu tanta mágoa que decidiu tomar uma medida drástica
Em meados da década de 80, Glória Perez decidiu escrever uma novela um tanto polêmica, na qual a mocinha cedia seu ventre para gerar o filho de outra mulher, e a partir daí as emoções de ambas provocariam uma grande confusão. Estamos falando de “Barriga de Aluguel”, que naquela época foi vista como uma grande maluquice pela Globo.
Atenta às tendências e aos comportamentos sociais, científicos e tecnológicos que pudessem gerar boas histórias, a autora leu um artigo médico nos anos 80 alegando que uma mulher poderia gerar o filho de outra em sua sua barriga, em um procedimento que inseminava um óvulo fecundado no útero de outra pessoa.
Na época, tal perspectiva ainda era bastante distante da grande maioria dos brasileiros, mas Gloria Perez foi pesquisar e descobriu que uma clínica de reprodução em São Paulo já trabalhava com tal procedimento.
Ela apresentou, então, a sinopse à Globo, mas a resposta não foi bem o que ela esperava. A história central de “Barriga de Aluguel” foi considerada algo como “ficção científica”, tachada de maluquice pela emissora, segundo o site Teledramaturgia.
Glória Perez ficou tão magoada com a má recepção de sua sugestão que saiu da Globo naquele ano. Ela foi contratada pela Manchete, onde ela despontou com a criação da novela “Carmen” em 1987.
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A boa filha à casa torna
Glória Perez só retornou à Globo no inicio da década de 90, já que o uso de barriga de aluguel para realizar o sonho de se ter um filho já era bem mais conhecido no Brasil, sendo assim a autora reapresentou a mesma sinopse, com os detalhes dramáticos que a cercariam. Assim, em 20 de agosto de 1990, estreou “Barriga de Aluguel” na faixa das 18h da Globo. Na trama, Cláudia Abreu vivia a mocinha “Clara”, uma jovem humilde, moradora de uma favela, que trabalhava como balconista de padaria durante o dia e como dançarina de uma boate à noite.
Ela recebeu de “Ana” (Cassia Kis) e “Zeca” (Victor Fasano), um casal de classe alta que não conseguia gerar um filho naturalmente, a proposta de gerar o bebê deles e ganhar um bom dinheiro com isso. Clara aceitou, mas durante a gestação começou a nutrir sentimentos pela criança. Ana e Clara, então, passaram a disputar a maternidade do bebê, no que se tornou uma delicada questão emocional e judicial.
A cena final marcou os telespectadores, com a cena das duas mulheres dando as mãos ao filho, como que numa tentativa de criá-lo em conjunto
“Aquela era uma situação para a qual as instituições, as leis, ainda não tinham uma resposta. Por isso, decidi deixar em aberto. As duas personagens chegavam à conclusão de que, quer elas quisessem, quer não, aquele filho tinha mães. Então elas se uniam, cada uma dava sua mão à criança, e a novela terminava assim” – Disse a autora em depoimento ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”.